domingo, 13 de novembro de 2011

Mais vale só que mal acompanhado


Passada uma semana da actuação dos The Antlers, regresso à gelada cave do Lux para conferir a estreia em Lisboa do projecto de Ernest Greene, Washed Out. Responsável por um dos discos mais querençosos de 2011, «Within And Without», Ernest Greene aproveitou o hype para mostrar as suas músicas ao vivo. Quase como um sonho tornado realidade, pensei eu, pois cada canção Washed Out é como uma fantasia chillwave resgatada aos anos 80. No entanto, ao passo que a banda de Peter Silberman conseguiu combater o frio com as canções de «Hospice» e «Burst Apart», Ernest Greene demonstrou uma imensa falta de experiência em palco e um claro erro de casting na hora de escolher os músicos que o acompanham. As canções estavam lá, mas a fascinação e o amor que percorrem as entrelinhas de «Within And Without» (lembro que o disco é um tributo à mulher de Ernest Greene) foram apresentados em entretons. Enquanto Ernest Greene se esforçava para animar e, principalmente, aquecer a plateia, a restante banda apresentou-se alheada do espectáculo e do propósito dream synth pop Washed Out: o baterista, além da cara de frete, parecia mais interessado nas cadências inflamáveis de uns Chk Chk Chk; o baixista, a quem não me recordo de ter visto a cara, sonhava com a possibilidade de ainda vir a integrar uma banda rock; a menina dos teclados e segundas vozes ponderava a introdução das electrónicas na música das Dum Dum Girls; e o quinto elemento mostrava ser o membro da banda com mais musicalidade. Componentes, que em palco se exibiram de forma desigual e em diferentes comprimentos de onda. O espectáculo, além de morno, não resultou, mas a minha confiança na música do projecto mantém-se inalterada. Esperemos então voltar a ver Ernest Greene em palco, mas em melhor companhia.

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